terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Memórias Inacabadas - Final

Se o surto de ousadia e atitude terminasse, certamente voltaria ao casulo de utopias que havia construído para si. E se fosse seu último dia? Não tinha o direito de guardar aquilo num baú e esconder no lugar mais profundo de seus sentimentos. À passos firmes e apressados, a mente estava no mesmo ritmo; bastava dizer o que estava escrito no papel, mas se não conseguisse. Se, se...se as incertezas não o perseguisem tudo seria diferente. Estava concentrado de tal maneira que não tomou nota do tempo, nem percebeu as ruas pelas quais passou; estava à porta daquela a quem passara as noites escrevendo no velho caderno.

Inspirou. Precisava de quantidade considerável de oxigênio no cérebro para aquele momento. Tomou coragem e bateu na porta, ''toc, toc, toc''. Escutou passos e o barulho da chave na fechadura. A porta abrira-se. Ela estava tão deslumbrante e linda quanto naquela quinta-feira de agosto, quando viu-a pela primeira vez. Convidou-o para entrar oferencendo-lhe uma xícara de café. Sim, ela sabia da sua predileção por café. Sentou ao seu lado; ela perguntou-lhe o motivo da visita. Apesar de se verem constantemente não tinha o hábito de visitar-la sempre. Disfarçou. Disse que queria saber como estava na faculdade. Respondeu-lhe que estava ansiosa pois aquele seria o ano de sua formatura.

- Você não veio aqui só para isso - disse - posso ver nos seus olhos.

De fato, nunca foi bom ator. Não conseguia fingir, por mais que as palavras tentassem disfarçar, os olhos denunciavam-lhe. Por um instante relutou, pensou dizer a ela que entrara alí para um encontro ocasional de amigos. Neste momento. veio-lhe à memória a agonia que passara na madrugada. Não sabia se devia preguejar ou agredecer ao passado por ter tirado-lhe da zona de conforto e levado-lhe para a zona de conflito.Na verdade, o que mais queria era estar diante dela falando do que sentia, este sonho, enfim, tornou-se real. Cabia-lhe agora decidir se voltaria a ser apenas mais uma memória moída pelo remorso.


Ela adiantou:


- Sei porque está aqui, sempre soube. Mas quero ouvir de você.


Acovardou-se, nenhum som saia de sua boca. Apenas tirou o papel dobrado do bolso e entregou-a.


- ''Não quero que no futuro o passado me culpe por ter perdido você''. - Leu em voz suave e compassadamente.


Olhando-a atentamente, percebeu o brilho de seus olhos e um fascinante sorriso em seus lábios.


- Disse que sempre soube? - Perguntou-a com a voz trêmula e repleta de suspresa.
- Sim, sempre. Você não precisa de palavras. Talvez não tenha notado, mas eu fico te olhando, estudando seu jeito. Seus atos sutís revelam quem você é e o que sente. - Disse, entre um riso inocente.
- Mas porque não me falou nada? - Perguntou-a novamente.
- Há tempo para tudo nesta terra. Você precisava se encontrar. No seu devido tempo isso aconteceria; Fiquei te esperando, esperaria o quanto preciso fosse.


Seus ouvidos não acreditavam no que ouviam. Sentia-se um tolo. Cegou-se pelas idealizações e não pôde enxergar a realidade. Descrever o sentimento daquele momento? Impossível, se nem o grande sábio soube entender e explicar, quem seria para tal feito.


A força dos sonhos fora maior que a daquelas ultrapassadas memórias inacabadas. A esperança de um futuro de amor prevaleceu sobre o passado sofrido só.




Leia:
Memórias Inacabadas
Memórias Inacabadas II

Um comentário:

  1. Olá, meu nome é Will. sou autos do blog Celebrai.

    Gostei do que vi por aqui e já estou seguindo seu blog.

    Quando puder, visite-nos: www.celebraii.com.br se desejar, siga-nos também.

    =)

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